27/09/2006

Mais um prego para o caixão do Compromisso Portugal








Editorial do Diário de Notícias, de Helena Garrido:


"O relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial é uma vergonha para os gestores e empresários portugueses e um elogio às instituições públicas. Portugal desceu do 31.º lugar para o 34.º entre 125 países fundamentalmente por causa do mau funcionamento das instituições privadas. Afinal, a fraca imagem do País deve-se em grande parte ao sector privado.

O pior indicador de Portugal é o que está relacionado com o baixo crescimento e os défices público e externo. A seguir, a mais baixa qualificação está na sofisticação dos negócios. Ou seja, fracos processos produtivos, problemas nas estratégias de marketing e dificuldade em delegar competências. Aquilo de que tanto se queixam os gestores, ou seja, os custos de contexto, que correspondem ao enquadramento em que se movem os negócios, e a qualidade das instituições têm afinal uma classificação melhor que o funcionamento das empresas e das entidades privadas em geral. Em termos globais, as instituições públicas têm, no ranking do Fórum com sede em Davos, melhor classificação que as privadas.

O défice público, um dos problemas do País que podem ser directamente atribuídos aos governos, está em vias de resolução. Se a reestruturação do Estado for conseguida, o sector privado passa a ser o grande problema do País, aquele que contribui também para o fraco crescimento e o défice externo.

A imagem que o relatório transmite de Portugal para todo o mundo em nada coincide com o discurso de gestores e alguns empresários que ouvimos no espaço público. Um dos exemplos mais recentes foi o do Compromisso Portugal. Mas muitos de nós colocamos frequentemente a questão: porque são as empresas estrangeiras em Portugal competitivas e as nacionais não o conseguem ser? A resposta, que é fundamental levar a sério, está neste relatório do Fórum.

Os gestores e empresários de Portugal têm urgentemente de olhar menos para o Estado e de tratar melhor dos seus negócios. Não será fácil. As fragilidades das instituições privadas reflectem a falta de formação em áreas hoje tão importantes como a economia e as finanças e uma atitude geral que se focaliza demasiado nos problemas e pouco nas soluções.

O grande contributo que o relatório de Davos pode dar é acabar com a conversa sobre o funcionamento das instituições públicas para começarmos a falar do verdadeiro problema do País, a falta de preparação de gestores e empresários. Só começando por enfrentar a realidade podemos iniciar as correcções. O Estado, afinal, é um falso problema."



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Hmmm.... e agora, vamos todos a correr para o convento do Beato?

4 comentários:

Pedro Norte disse...

"O pior indicador de Portugal é o que está relacionado com o baixo crescimento e os défices público e externo".

Num país onde a despesa púbilica atinge 50% do PIB é uma vergonha. Um Estado que vive das pequenas e médias empresas, essas sim, as maiores catapultas de impostos para os cofres do Estado - quando já é difícil a sobrevivência em território nacional, eu pergunto: como ir para os mercados estrangeiros?

Essa senhora que talvez deve ter um patrão que lhe paga um salário, talvez até seja o estado (50%), se fala em má gestão porque não abre ela uma empresa e em poucos anos vai para Espanha?!? Mas pronto, já é habitual em Portugal falar-se sentado à mesa ou escrever sem nada se fazer.

Mas o Estado também é culpado quando perdoa muitos impostos. Nos últimos tempos, e bem, o "poder" das Finanças tem sido descentralizado e com isto o cerco ficou muito mais apertado para alguns. Contudo, eu acho ainda muito poucos. Pois à falta de um "período de habituação" ainda há mt coisa que não bate certo. Por exemplo: porquê os bancos ainda pagam menos impostos que toda a gente e a cada trimestre que passa os lucros duplicam? Como permitiram o abate de centenas de sobreiros no Infantado para se construir um campo de Golf e na mesma altura fizeram-se depósitos no valor de um milhão de euros na conta do CDS-PP (há que referir que sou a favor do campo de Golf)? Como é que o BIBI conseguiu um alvará Impensável e Proibido para realizar uma obra de milhões na Infante Santo em Lx?

Não tenho nada contra o Sócrates e até gosto das medidas que ele tem tomado. Mas, sem dúvida que continuam a tapar muita coisa. Em vez de começar a limpeza por cima, começa por baixo. As pequenas e médias empresas lixam-se, os recém-formados idem, os salários não sobem, as famílias não têm poder de compra, as empresas não vendem, O Estado vive à conta do País e os Ministros à conta de favores e dinheiro do Sector Privado directamente para as bolsas. Um autêntica e já referida República das Bananas.

Só mais uma coisa para essa senhora que escreveu o artigo: li há uns tempos atrás que percentualmente temos mais que o dobro das pessoas na função pública que aqui a nossa vizinha Espanha. E esta semana ouvi na TSF um Sr. do governo a admitir que só esta semana conseguiram quantificar esse mesmo número já para não falar que não fazem mínima ideia dos contratos existentes de cada uma dessas pessoas pertencentes à função Pública. Finalmente, esse Sr. referiu também se não estou em erro que existem à volta de 1200 e tais carreiras na função pública. Agora sim, chegamos ao cerne da questão: É DISSO QUE O MEU POVO GOSTA!!!! Carreira e mais carreira. E o Estado (ou seja, nós) a pagar.

Essa Sra. que até escreve muito melhor que eu devia abrir um quiósque e escrever umas crónicas diárias sobre o estado económico da Nação. Ia aprender muita coisa -não pelas crónicas que de estudo, aprofundamento e argumentação têm pouco mas, pelos impostos que ia pagar, as licenças que tinha que pedir à câmara, o tempo que tinha que esperar, as instituições que tinham que vistoriar o seu estabelecimento, etc, etc.

Eu também preferia trabalhar no para o Estado. Quem não queria? Mas ainda não consegui o meu "TACHO".

viddy disse...

Eu disse exactamente o que esta senhora disse neste comentário: http://odcity.blogspot.com/2006/09/ainda-na-senda-do-compromisso-portugal.html#comments.

E mais, ao contrario desta senhora, o repressentante do compromisso portugal, é só o meu big boss...só, mas não será por isso que me calo..ou será que sim? É que depois do caso do envelope 9 começo a ficar com receio que a liberdade de informação esta condenada...

Anónimo disse...

eu, em termos gerais, nao concordo com esse editorial, e sobretudo não gosto da operacão de charme a favor do governo. se as coisas são bem feita, ok; agora vir dizer assim, de animo leve, que a culpa é só da organizacão do sector privado é, mais que uma mentira, reaccionário.
o q se escreve nestes tempos, e tb já vi neste blog, é o contrário daquilo que nos habitu´mos a ouvir desde pequeninos: quem não se lembra daquela m´xima "a culpa é do governo"=, hoje em dia foi completamente abandonada, adoptaram-se expressões como "a culpa é do trabalhador que produz pouco, do empresário que não arrisca ou não tem conhecimentos sobre modelos de expansão do seu negócio".
não vou tb entrar no particular, para mim é um pouco dificil conceber que se misturem em 5 paragrafos assusntos tao vastos que necessitariam de uma análise per se, antes de se compararem.
mas ia, curti o comment do peterboy, nao o editorial dessa tipa

viddy disse...

Uma das caracteristicas essenciais do governo de Socrates é o charme, e a capacidade de comunicação e show off. Neste caso o Jornal do Governo, perdão o Diário de Noticias, faz o papel dele, respondendo ao pedido do Socrates, perdão..do editorial, e descredibiliza o compromisso Portugal. Não é que seja a favor desse movimento, mas o Socrates não se pode alhear dos problemas que tem..