25/10/2007

O cão que pode ou não ter morrido de fome numa galeria de arte

Hum...strange. Very marufens!

Manágua, Nicarágua, Agosto de 2007. Num canto da galeria de arte Códice, numa mostra intitulada Exposição Nº 1 do artista costa-riquenho Guillermo Habacuc Vargas, há um cão da rua, esquelético, amarrado à parede por uma corda. Noutra parede, escrita com biscoitos para cão, a frase: "És o que lês." Ouve-se em música de fundo uma gravação do hino sandinista ao contrário. O cheiro é a marijuana e crack, drogas que estão a ser queimadas num incensário.

Por causa desta instalação, Vargas tornou-se, nos últimos dias, alvo de uma autêntica vaga de ódio na Web. Aquilo de que o artista é acusado é de ter deixado morrer o cão à fome durante aquele evento. Um abaixo-assinado, que partiu de uma sugestão de várias associações de protecção dos animais, circula na Internet, apelando, como retaliação, ao boicote da participação de Vargas na Bienal Centroamericana de Arte, a realizar nas Honduras em 2008 (Vargas foi um dos seis artistas escolhidos para representar a Costa Rica na bienal). Ontem, ao fim da tarde, o abaixo-assinado já tinha recolhido mais de 70 mil assinaturas e a lista continuava a crescer a bom ritmo.
Segundo o diário costa-riquenho La Nación de 4 de Outubro, o objectivo de Vargas era mostrar, nas suas palavras, a "hipocrisia" das pessoas: "Um animal transforma-se no centro das atenções, quando o coloco num lugar branco onde as pessoas vão para ver arte, mas não quando anda pelas ruas esfomeado."
O cão, que tinha sido capturado por Vargas num bairro pobre de Manágua, morreu um dia depois da inauguração da mostra, diz o jornal.

Vargas recusa-se porém a revelar se, na realidade, o cão morreu ou não, se foi alimentado ou não. E contra-ataca: "Ninguém chegou a libertar o cão, nem o alimentou ou chamou a polícia. Ninguém fez nada."
Juanita Bermúdez, a directora da galeria, citada pelo diário nicaraguense La Prensa de 5 de Outubro, garante que nunca permitiria que se maltratasse o animal, e diz que o cão comeu por várias vezes e que não morreu: fugiu do local durante a madrugada.
De facto, ninguém parece ter visto o animal a morrer mesmo.

E o site Snopes.com, que reúne registos de mitos urbanos, refere que o estatuto do incidente se mantém "indeterminado". O que é fácil de confirmar são os insultos e as ameaças de morte dirigidas contra Vargas. O que é feito da presunção de inocência?

in Público

1 comentário:

Anónimo disse...

http://avozdasretretes.blogspot.com/2007/10/um-hino-estupidez.html